Ameba´s Reflexão - 7, longos, dias.

7, longos, dias.

     Certa vez um amigo fez esta afirmação: "Na semana há dois dias úteis e cinco inúteis". Não quero ser radical como tal...mas, esta afirmação foi intrigante. Provavelmente toda colocação terá algum resquício de verdade, mesmo que de forma, à primeira instância, imperceptível.
     Seguindo o modelo padrão, denominado rotina, tudo começa pela segunda-feira. Dia em que despimos o espírito de distração, empolgação e tranquilidade. Acorda-se cedo, controlam-se ações, moldam regras... para que nada fuja do sincronismo trivial. Ao visualizar a própria imagem no espelho, um susto! A cara amassada, cabelo desgrenhado, e pior, a notável inclinação ao desânimo... Afinal, o tempo dedicado à desobrigação chegara ao fim.
     Usa-se transporte coletivo, ou particular, para se deslocar ao trabalho, escola, universidade, etc., todas as obrigações necessárias ao crescimento social, como também pessoal. O pior será o monstro trânsito, figura até "natural", acabando por dar boas-vindas. Chegando ao local determinado, o pensamento: "Ufa! Cheguei". Enquanto isso as horas passam... para alguns muito rapidamente, para outros muito lentamente. Procuramos desempenhar da melhor forma possível a atividade de nossa responsabilidade.
     Tudo caminha, e o dia corre de uma ponta à outra. Com ele se movem nossos pensamentos, costumeiramente concentrados nas dificuldades enfrentadas ao decorrer deste mesmo dia. Este hábito torna-se constante, atribuindo poder à crença de que a vida se resume apenas a problemas. Daí surge o pesar de viver, o qual prediz que os dias serão sempre iguais... Extremamente tediosos.
     Findado o expediente, a volta para casa. Fatigados, pensamos nas ações passadas, ou até mesmo nas que precisam ser realizadas; e neste turbilhão, o peso natural da responsabilidade aflige, nos fazendo muitas vezes recuar. Ao abrir a porta do lar, o provável oásis... Que muitas vezes parece ser ilusório. O tempo mínimo, entregue a nós, transforma-se em tortura. Há tanto para se fazer: abraçar, brincar, beijar, atentar, falar... Não conseguimos realizar tudo. E, novamente o pior, passa-se a crer na convicção de que a vida foi feita para, inutilmente, suportá-la, e não vivê-la com paixão!
     Terça, Quarta e Quinta, são dias que têm tendência a seguir o exemplo da Segunda. Falta apenas mais um dia, está chegando Sexta-Feira. Dia em que tudo parece mudar, dia propenso à leveza. Dia em que disponibilizamos a esperança para intensas transformações.
     Enfim! Final de semana! Dois dias em que deixamos de representar nossos papéis burocráticos, onde jogamos as pressões em prol de um bem supremo. Dias em que somos palhaços, bailarinos, astros, amantes, ou qualquer papel protagonista que se idealiza. Momentos em que abandonamos a neura de provarmos nossas competências... dias em que somos frágeis perante as intensas experiências que alegram o coração. Instantes em que somos crianças, adolescentes, jovens, adultos...senhores. Dias em que simplesmente somos, sem máscara, marca ou uniforme. Consequentemente, o direito de avaliar a vida, em seu estado mais puro: como se deve viver.
     Será uma resposta subjetiva. Assim como a minha. Respondo que a vida é uma correria desenfreada, onde não se exige o respeito para se viver. Não sei se há dias úteis e inúteis, apenas creio que a utilidade é feita por nós, e esta deve estar atrelada à felicidade. É possível, pois sem ela nada faz sentido.

 Não se preocupe, seja feliz.



                                                                               Rodrigo

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